Menopausa: a relação entre intestino e osteoporose
15/12/2021 - 09h11
Manter a saúde intestinal em dia ajuda a cuidar da saúde na menopausa contribuindo para evitar osteoporose
Apesar de existir tratamentos aprovados para a osteoporose há mais de três décadas, o número de pacientes com osteoporose, especialmente mulheres após menopausa, com deficiência de estrogênio, continua crescendo. Com essa realidade, abordagens alternativas, que auxiliam no tratamento e prevenção com menos efeitos colaterais são necessários.
O que é, na verdade, a osteoporose? Trata-se de doença esquelética sistêmica, é caracterizada por prejuízos ao osso como redução de massa, aumento da fragilidade óssea, e portanto, maior suscetibilidade a fraturas graves.
As alterações patológicas na osteoporose induzida pela menopausa têm como principal causa a formação reduzida e reabsorção excessiva de osteoclastos. Além disso, a deficiência de estrogênio tem sido associada ao comprometimento da integridade intestinal.
Isso mesmo! O problema pode estar relacionado com a saúde do intestino. É que o comprometimento da integridade intestinal facilita a passagem de citocinas microbianas do intestino para a corrente sanguínea.
A microbiota intestinal (MI) é condicionante essencial para a saúde humana e se comunica à distância com órgãos do corpo por meio de eixos, como eixo intestino-cérebro, eixo intestino-pele e também eixo intestino-osso. O eixo microbiota-intestinal-osso abrange o efeito da comunidade microbiana associada ao intestino e/ou suas moléculas na saúde óssea.
Experimentalmente, camundongos normais versus camundongos “germ free” (GF), ou seja, livre de germes, tem menos perda óssea após a deficiência de estrogênio por redução na quantidade de citocinas microbianas com efeito osteoclasto gênico negativos para a mineralização óssea.
Neste sentido, pesquisadores avaliaram a diferença da composição da microbiota de mulheres pós menopausa sem osteoporose com aquelas que tinham o problema. Os resultados apontaram maior abundância de Prevotella (três vezes maior) em mulheres sem osteoporose, enquanto pacientes com osteoporose tiveram maior abundância de Bacteroides.
Em estudos com animais, a suplementação com Prevotella histicola reduziu a expressão de citocinas e aumentou a expressão de osteoprotegerina no tecido ósseo, protegendo os camundongos da perda óssea induzida por deficiência de estrogênio.
Esse resultado demonstra que conhecer a microbiota intestinal e realizar estratégias terapêuticas personalizadas podem ser atitudes promissoras para o tratamento da osteoporose.
Você já havia pensado nessa relação entre intestino e ossos? Sugiro que tenha uma atenção maior ao funcionamento do seu intestino. Afinal, cada vez mais estudos e pesquisas comprovam que manter o hábito de cuidar do seu intestino, da sua alimentação, são prioridades fundamentais para quem busca uma vida saudável e deseja ter uma longevidade com vitalidade.
Dr. Werther Busato
Werther Busato é Clínico Geral, Nutrólogo e especialista em Medicina Preventiva pela Unicamp, Medicina do Sono pelas universidades de Harvard e USP, Medicina Ortomolecular e Fitoterapia, além de ser um estudioso em microbiota intestinal. Na medicina sempre buscou olhar para o paciente como um todo, está sempre em busca de novas pesquisas e especializações que tragam qualidade de vida e ajudem a promover a saúde das pessoas. A escolha pela profissão veio da inspiração do avô materno que era um farmacêutico prático e dos irmãos, também médicos.